sexta-feira, 21 de outubro de 2016

DEUS ESTÁ EM NÓS

Deus está em nós. O homem que procura a Deus não se sente mais isolado; o vácuo de sua vida é povoado pela presença do divino hóspede. Sofrerá aparentemente como os outros homens; porém, sabe que a "graça" indentificando-o com Cristo, há de realizar nele os mistérios do Crucificado, e vê na própria dor um elemento essencial da sua perfeição. Sofre para se parecer com Cristo. Sofre para destruir em si os laços que o prendem ainda a quem não é Deus. Caminha mais alegre; alguém o ajuda a carregar sua Cruz; tem por companheiro um amigo fiel.
E quando este homem se afastar da agitação exterior para se recolher em si mesmo, não encontrará apenas um "eu" vazio de tanto correr atrás de vulgaridades, um "blasé" feito para cousas que não consegue realizar, encontrará o mestre interior: seu Deus.
Quem medita sobre o mistério da Graça, que em nós é a participação da própria vida divina; quem reflete como a Fé e a Caridade conseguem penetrar as mais elevadas de nossas faculdades; transformar em divinas as nossas aspirações humanas; dar ideias divinas a nossa inteligência; fazer que o homem dominado pela Fé, pense naquilo mesmo em que Deus pensa, julgue as cousas como Deus as julga, veja como Deus vê; quem considera a Liturgia, os Sacramentos e sobretudo a Missa, envolvendo a alma toda e até o corpo numa atmosfera sacral, compreende que realmente é a vida que Jesus trouxe ao mundo.
Somente Cristo dá um sentido à Vida. Só Ele preenche as energias profundas de nossa alma. Só Ele povoa um coração. As almas de Fé sentem, como que experimentalmente, que sem Cristo tudo é noite, tudo é morte; que o mal pior é viver à margem do ideal e não sujeitar ao Mestre todas as fibras do seu ser.
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Frei Sebastien TAUZIN O.P. “A alma de nosso tempo”, in. Revista A Ordem, Rio de Janeiro, n.88, Março de 1938, p. 234.

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